sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Lipoaspiração pode mascarar risco cardíaco

 Benefício estético da cirurgia não corrige males denunciados pela “barriguinha”
Por: Fernanda Aranda
Os algarismos mostrados pela fita métrica envolta da cintura indicam muito mais do que a presença de “pneuzinhos”, necessidade de aumentar o número da calça jeans ou trocar o biquíni pelo maiô.
Pneuzinho pode ser índicio de risco cardíaco. Vilões do coração não são "apagados" com o bisturi
Quando a circunferência supera 80 centímetros é sinal de que o coração pode estar ameaçado pela presença de colesterol, hipertensão e triglicérides em excesso. Estes mesmos “malfeitores” cardíacos podem ser disfarçados – e continuar prejudicando sistema cardiovascular –  caso o bisturi entre em ação sem ser acompanhado pela dieta saudável e pela mudança do estilo de vida.
“A lipoaspiração sozinha traz benefício estético mas influencia nada em melhoras ao coração”, afirma o cardiologista do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), Márcio Miname.
O médico nefrologista especializado em pressão alta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Osvaldo Kohlmamm Júnior, acrescenta: a mulher faz a lipo e acredita que a nova silhueta já garantiu uma vida mais saudável, mas por trás do abdômen “retinho” e chapado ainda vivem os problemas que são o ponto de partida das doenças cardiovasculares.
“A barriga saliente acaba sendo um indicador, um aviso de que alguma coisa pode estar errada com o coração e não apenas com a aparência”, disse Kohlmamm Júnior, durante a pré abertura do último Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Belo Horizonte.
As pesquisas
O alerta feito pelos especialistas já foi comprovado por uma análise feita com 15 mulheres obesas, submetidas à lipoaspiração e que perderam em média 10 quilos após a cirurgia. Os especialistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington avaliaram o impacto desta redução na melhora das taxas de glicose, produção de insulina, colesterol e pressão alta das mesmas pacientes.
Saiba mais
As conclusões, já publicadas no periódico científico New England Jounal mostraram que o efeito nestes potencializadores de problemas no coração foi quase nulo, muito inferior ao que poderia ser conseguido com exercícios físicos, por exemplo.
O motivo é que a ação estética não é suficiente para corrigir as chamadas “células gordas” que estão no organismo e não são eliminadas com a lipoaspiração.
Gordura invisível
Além dos pneus e os excessos de gordura aparente existe, segundo os cardiologistas, a chamada "gordura invisível". Cientificamente, ela é denominada gordura visceral e pode estar presente em volta de órgãos, como fígado, rim, coração e pulmão. É invisível aos olhos, mas detectada por meio de exames específicos, como a ressonância.
Na maioria dos casos, quem tem gordura invisível também tem gordura aparente, mas por vezes apenas avaliações minuciosas são capazes de identificar a presença da vilã visceral.
"Esse tipo de gordura permanece no organismo e não é corrigido com a lipoaspiração", alerta o diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Fernando Prado.
Barriga de chope
Outra constatação dos especialistas é de que a famosa sigla IMC (índice de massa corpórea) – tão importante nos planos de melhora da estética – nem sempre é suficiente para mensurar as pessoas que estão inseridas no grupo de risco cardíaco.
Até cinco anos atrás, a fórmula de dividir o peso pela altura ao quadrado (equação para calcular o IMC) era a única utilizada pelos cardiologistas e nutricionistas para mensurar obesidade e problemas em potencial ao coração. Se o resultado for acima de 24 é o indicativo de sobrepeso, um passo mais próximo dos problemas cardiovasculares.
Com a publicação do estudo internacional Interheart – análise feita em 22 países do mundo com mais de 30 mil pessoas – os cardiologistas conseguiram mostrar que o IMC inferior a 24 acompanhado de uma circunferência abdominal (dois dedos abaixo da costela e dois dedos acima do osso da bacia deve ser o ponto de partida para a medição) acima de 80 centímetros já era suficiente para aumentar em quase três vezes a incidência de episódios como infarto, arritmias e acidentes vasculares cerebrais. Ou seja, o barrigudo que não é gordo "por inteiro" já está na turma dos que podem ter um problema no coração.
A partir disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, uma das participantes desta parte do estudo, passou a prestar mais atenção na famosa barriguinha de chope, muito comum em homens mas também insistente na figura feminina.
Vantagens
Esta mesma barriga saliente que denuncia a possível presença de fatores de risco de doenças cardíacas é o que motiva as pessoas, em especial das mulheres, para procurar ajuda da cirurgia plástica ou de outro tratamento estético. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, no País, foram realizadas quase 188 mil cirurgias de lipoaspiração no ano passado. Não há um registro oficial de tratamentos estéticos que prometem reduzir medidas.
Apesar de poder "mascarar" momentaneamente o risco cardíaco, Fernando Prado, da Sociedade de Cirurgia Plástica diz que a operação pode, sim, trazer vantagens. "Em muitos casos, há uma melhora na autoestima, incentiva o autocuidado e a paciente acaba, por consequência adotando um estilo de vida mais saudável", diz.
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